A comida crua e uma receita – o smoothie dos 5 elementos

Há já muito tempo que vejo a alimentação como uma espécie de escada. Primeiro vem a alimentação tradicional que a maioria das pessoas faz, depois a vegetariana, depois a vegana e finalmente a crua. Estes degraus não significam obrigatoriamente que a que está mais acima é mais correcta, até porque considero que a alimentação mais correcta para uma pessoa poderá não o ser para outra, apesar de termos imensas coisas em comum como seres humanos que somos. Fui vegetariana durante 8 anos e durante esse longo período consumi sempre pouco leite, já dos ovos e do queijo não posso dizer o mesmo. Então durante os tempos universitários deveria ser a maior devoradora de omeletes de queijo! O queijo e os ovos eram sempre a alternativa mais fácil quando jantava/almoçava fora. 
Depois fui reduzindo cada vez mais o consumo de ovos e só os consumia mesmo em pequenas quantidades e/ou em determinadas receitas que levavam ovos. Já o queijo sempre foi a minha perdição e por isso algo muito mais difícil de deixar de consumir. Já falei inúmeras vezes nos benefícios em seguir uma alimentação vegetariana e depois vegana (aqui e aqui) e finalmente veio o interesse pela comida crua (afinal já bebia smoothies de frutas e vegetais há bastante tempo, por gostar e por me fazerem sentir bem). Este interesse intensificou-se mais ou menos no ano passado, onde por diversas vezes estive quase quase para me inscrever num ou outro workshop, mas acabei por não o fazer. Este foi o ano! Fiz um workshop de quase 4 horas e adorei. Aprendi imensa coisa e todo um novo mundo se abriu para mim. Tirei imensas notas e apontei vários sites para explorar quando chegasse a casa.
O que mais gostei foi o da Kristina Carrillo-Bucaram (cujos olhos até mudaram de cor quando começou a seguir uma alimentação crudívera!) Acho que já devorei os vídeos todos. Adoro a forma como fala, a alegria, a energia e a simplicidade com que explica tudo.
Aproveitei as férias para tomar apenas um smoothie ao pequeno-almoço. Sempre tomei os smoothies a meio da manhã, a meio da tarde ou depois de fazer exercício físico. Achei que a melhor altura para o fazer seria durante as férias, pois enquanto estou a trabalhar estava com receio de ficar com sono ou dores de cabeça por causa da ausência de café. Ficar sem café é mesmo complicado para mim, apesar de ter reduzido imenso a quantidade de café (só bebo mesmo ao pequeno-almoço e já cheguei a beber 6 ou 7 por dia!). Durante 3 dias seguidos tomei então um smoothie completo e claro que senti dores de cabeça todos os dias. Não senti fome, nem sono, nem cansaço, apenas dores de cabeça, porque também já sei que tenho propensão para as ter! Então o que estou a fazer agora é consumir um smoothie mais pequeno (afinal eu já consumia fruta ao pequeno-almoço) e de seguida bebo um pouco de café com leite vegetal e pão. O truque é mesmo ir reduzindo a quantidade de café até ficar completamente curada desta dependência! Se pensar bem, eu devo consumir café todos os dias há mais de 15 anos! Ora é mesmo muito tempo! E o meu corpo não se vai desabituar assim de um dia para o outro! Portanto vamos com calma.
Deixo aqui a receita do smoothie dos 5 elementos (que aprendi no workshop) e que é super completo. Juntando água (cerca de um copo) deverá dar uma quantidade entre 750 ml a 1 litro:
2 peças de fruta (maçã e pêra por exemplo)
1 banana
Meio limão (sem a casca amarela)
Uma pitada de pimenta caiena ou gengibre
Uma pitada de sal dos himalaias (este sal é saudável e pode ser consumido à vontade mesmo por quem sofre de hipertensão)
1 colher de café de spirulina ou clorela (quem não gostar do sabor pode não misturar esta parte no smoothie e fazer um “shot” verde apenas adicionando água e bebendo antes do smoothie)
Triturar tudo num liquidificador. Verter para um copo/frasco, adicionar uma colher de sobremesa de óleo de linho e mexer.
E está pronto a beber! Este smoothie é chamado o dos 5 elementos, por possuir cada um dos 5 elementos que que as nossas papilas gustativas reconhecem: o doce, o salgado, o ácido, o amargo e o umami (palavra de origem japonesa, que significa saboroso e agradável). Aprendi no workshop que se as refeições que consumirmos tiverem estes 5 elementos será muito mais fácil sentirmo-nos saciados. E de facto não senti mais fome do que quando tomo o pequeno-almoço habitual. Também não me custou muito beber uma grande quantidade por já estar habituada, mas compreendo que para algumas pessoas isso seja complicado. O que recomendo nestes casos é irem aumentado a quantidade aos poucos. E enquanto bebem menos quantidade, tentem comer qualquer coisa para ficarem saciados durante mais tempo.
Para além de introduzir os smoothies ao pequeno-almoço tentei ou fazer mais uma refeição crua por dia ou ter apenas uma parte cozinhada nas refeições (por exemplo, a soja ou o tofu).
Como já tinha referido noutro post, tenho andado a experimentar os alimentos sem glúten. Num dos vídeos a Kristina fala justamente nisso, que antes de iniciarmos uma alimentação crua deveremos primeiro eliminar os produtos lácteos e depois os produtos com glúten. Comprei algumas massas sem glúten e adorei o sabor, portanto vou passar a comprar apenas dessas!
Aquilo que achei mais complicado numa alimentação crua é mesmo não ter os electrodomésticos necessários para fazer determinadas receitas. A liquidificadora que tenho não tem muita potência e por isso há certas coisas que por mais que queira, ela não consegue mesmo fazer! Além disso nunca posso fazer muito pouca quantidade, senão aí é que ela não consegue mesmo trabalhar, pois fica tudo à volta do copo!
Como estamos quase no verão o tempo convida-nos a consumir mais saladas e é isso mesmo que tenho feito, saladas com bastantes vegetais, alguma fruta e frutos secos. Depois faço sempre um molho para acompanhar (podem ver aqui alguns). Também já fiz um hummus cru que é delicioso (podem ver aqui a receita da Kristina).
Posso dizer que depois de uma refeição crua me senti sempre super bem e leve. O problema é mesmo ter que ter uma grande quantidade de vegetais frescos, o que me obriga a ir mais vezes às compras. Além disso ainda não encontrei o sítio ideal para comprar vegetais e fruta biológicos a preços acessíveis. Tenho que investigar mais sobre o assunto e conhecer sítios diferentes… Se souberes de algum para os lados do Porto/Gaia agradeço a partilha 🙂
A comida crua demora algum tempo a preparar, mas como não temos que cozinhar nada, não temos que estar à espera que as coisas fiquem prontas. Preparamos tudo e comemos de seguida. A parte de lavar a louça também é muito mais fácil!
Uma coisa que me custou um pouco é comer a quantidade necessária, que é enorme! Como neste tipo de alimentação os alimentos consumidos têm menos calorias, temos que compensar comendo mais! Quando vi a quantidade de comida que a Kristina compra para uma semana fiquei em choque, mas percebo que tenha que ser assim, senão desaparecemos!
Portanto se cá em casa tivéssemos os 2 uma alimentação crua acho que teria que comprar uma carrinha de caixa aberta para transportar as compras da semana ehehe
Como tudo na vida vou experimentando e vendo. A ideia de comer coisas diferentes agrada-me e a comida crua no verão sabe-me lindamente.
E desse lado que experiências têm ou já tiveram com a comida crua?
Podem ver também algumas receitas no meu pinterest.

  • Foto: Abigail

    Ana Milhazes, Socióloga, Coach, Formadora, Instrutora de Yoga, fundadora do Lixo Zero Portugal

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