Novos e velhos ritmos – Parte II

As rotinas ou os ritmos…
Como andava a sentir-me bastante cansada (quer de manhã, quer ao final do dia – como contei aquipassei a fazer mais coisas no final do dia (a deixar o máximo de coisas preparadas para o dia seguinte), pois de manhã estava a ser muito difícil levantar-me, quanto mais levantar-me mais cedo… Agora as coisas já estão mais equilibradas e voltei a conseguir acordar mais cedo. Mesmo assim continuo a preferir gastar esse tempo para mim e para relaxar, por isso continuo a preparar o máximo de coisas no dia anterior. Até o café e a água ficam já na cafeteira.
Então como podemos definir rotinas ou ritmos?
O que a Brooke nos propõe, num dos exercícios do seu livro, é avaliar determinados momentos do dia, por exemplo as manhãs e definir três coisas:

  • aquilo que é obrigatório (temos mesmo que fazer, não há hipótese);
  • aquilo que é necessário (aquilo que nos permite ter uma manhã mais calma, por exemplo meditar) e
  • a respectiva sequência.
Portanto foi este exercício que fiz quando li o livro. Entretanto tenho alterado algumas coisas e ando a ver aquilo que se adapta melhor.

Então como são os meus ritmos durante a semana…

Manhãs

Há muito que queria voltar a levantar-me mais cedo para meditar. Já antes tinha este hábito e posso garantir-vos que o dia corria muito melhor, eu sentia-me muito mais relaxada e muito menos cansada.
Voltei a colocar o despertador mais cedo, primeiro 10 minutos, depois 15 minutos, depois 20 e depois 30 minutos.
Agora acordo sempre às 6h. Já está interiorizado e nem me atrevo a mudar a hora do despertador.
Tenho tempo para fazer algumas posições de yoga e para meditar.

O meu tapete de yoga

Como acordo cedo (quase 1h e 15/20m antes de sair de casa) geralmente tenho tempo para arrumar a louça do pequeno-almoço e fazer uma ou outra tarefa (como recolher a roupa, arrumar a louça da máquina). É tão bom chegar a casa e não ter este tipo de coisas para fazer, por isso é que acho que compensa fazê-lo de manhã. Claro que quando não dá para fazer, não faço, nada de dramas. Afinal a rotina não é inflexível!
Se quiserem acordar mais cedo façam o seguinte exercício:

  • registem a vossa hora de saída (de casa);  
  • todas as tarefas que têm que fazer e também aquelas que gostariam de passar a fazer; 
  • o tempo que acham que demorariam a fazer cada uma delas (convém sempre dar mais tempo); 
  • dividam algumas tarefas pelos vários membros da família;
  • no final, registem a sequência das tarefas.
Depois é só pôr a rotina à prova e adaptar alguns pormenores até descobrirem aquela que melhor se adapta a vocês e à vossa família. Este exercício pode ser feito com qualquer altura do dia. Para alguns pode ser melhor começar pelas alturas mais complicadas do dia, enquanto para outros poderá ser melhor começar pelas mais fáceis. Por isso, façam-no à vossa medida.

Quanto ao meu final de dia…

Quando chego a casa e depois de tirar os sapatos e pousar as coisas nos sítios certos (carteira, chaves, telemóvel, garrafa de água, saco da comida), visto uma roupa confortável e faço algum tipo de exercício físico. Se o tempo estiver agradável, ainda medito um pouco na varanda. Depois trato de mim e vou jantar. Quando é o marido a tratar do jantar, trato só de mim e sabe lindamente! Quando o tempo permite (o que faz lá fora e as horas a que chego a casa) vou dar uma caminhada/corrida junto à praia (sabe tão bem! E sei que me devia obrigar a fazê-lo mais vezes ao final do dia… Esta parte ainda tem que ser trabalhada e melhorada).
No final de jantar é tempo de arrumar a cozinha (e obrigo-me mesmo a fazê-lo logo de seguida!). O marido também já sabe deste truque por isso arruma logo a mesa. Enquanto estou na cozinha, tento já deixar algumas coisas preparadas para o dia seguinte: 

Aqui os almoços para 2 dias – legumes com sêmola de milho, a louça do pequeno-almoço e a louça lavada na banca

Depois das tarefas domésticas e de preparar a roupa para o dia seguinte, há tempo de qualidade a dois (a coisa mais importante do dia!), tempo para falar com a família, tomar chá (este é um ritual diário) e para o que nos apetecer. 
Quanto à hora de dormir, tento deitar-me por volta 22.30/23, mas nem sempre consigo. No entanto faço um esforço para nunca me deitar depois das 23h (caso me deite mais tarde num dia, tento compensar no dia a seguir, deitando-me mais cedo).

Fins-de-semana

O fim-de-semana deve ser o menos estruturado possível, para fazer o que me apetecer no momento. E o objectivo é fazer o mínimo possível de tarefas domésticas para sair à vontade, fazer exercício, estar com a família/amigos, enfim fazer as coisas que realmente gosto de fazer. Apenas gosto de tratar da roupa, porque assim lavo a roupa que foi usada durante a semana, consigo colocar as almofadas a apanhar sol e abro as janelas do quarto para a cama arejar (sem lençóis). Isto faço-o logo ao sábado de manhã (pois acordo cedo, no máximo às 8h) e por isso fico com o resto do fim-de-semana livre.

Quanto às restantes tarefas (mais concretamente a limpeza da casa) estou a experimentar um novo ritmo e falarei disso num próximo post…

Outra das coisas que gosto de fazer ao fim-de-semana é passar algum tempo na cozinha. Geralmente aproveito os fins-de-semana para experimentar novas receitas ou para fazer receitas mais demoradas. Houve alturas em que planeava os menus para durante a semana e, por isso, fazia alguma comida para congelar, mas deixei de o fazer. Prefiro decidir durante a semana, no próprio dia ou no dia anterior. Também tento fazer comida a dobrar e por isso, muitas vezes, jantamos a mesma coisa duas vezes seguidas, apenas faço uns legumes frescos para acompanhar. 
Sei que mesmo para quem gosta de cozinhar, às vezes é cansativo ter que chegar a casa e ainda preparar uma refeição completa (sobretudo para quem tem cuidado com a alimentação e não se contenta com qualquer coisa), mas não é a comida das coisas mais importantes da nossa vida? Não é a alimentação que nos permite viver e sobreviver?
A propósito disto, a Brooke diz no seu livro uma coisa muito interessante, relacionada com a forma como vemos as coisas. Podemos tentar ver as coisas pela positiva! Por exemplo, é cansativo chegarmos a casa depois de um dia de trabalho e ainda termos que fazer o jantar, é, mas compensa, estamos a cuidar de nós e da nossa família e isso a longo prazo (se a comida for saudável) traduz-se numa melhor qualidade de vida, menores despesas no médico…

E porque não aproveitar esse tempo na cozinha, para estar em família e contar com a ajuda de todos? Até se pode demorar mais, mas ganha-se mais tempo de qualidade com a família e aposto que a comida até vai saber melhor, pois foi um contributo de todos.

Este princípio pode ser aplicado a muitas outras coisas… Quantas vezes não nos queixamos da tralha que temos que arrumar, daquilo que está sujo? E se em vez disso pensarmos em como é bom ter uma casa, tralha e pessoas que a sujem? Às vezes, acho mesmo importante nos afastarmos um pouco da realidade e valorizarmos aquilo que temos.
Experimentem fazer este exercício, vão ver que compensa!

E depois de vos ter falado dos meus ritmos, posso dizer-vos que não há um ritmo certo ou errado! Cada um tem o seu e nem sempre descobrimos logo o ritmo certo. Esta é a parte boa, podemos ir experimentando até descobrir o ritmo ideal. Depois com a prática já sabemos a música e a coreografia de cor e não nos custa nada!
Além disso, estes estão constantemente a mudar… o ritmo ideal hoje pode não o ser amanhã, e é esta adaptação que devemos ir fazendo para que tudo corra melhor e possamos retirar o verdadeiro gozo e proveito que a vida nos dá 🙂

Enquanto a rotina da manhã permite que o dia corra melhor, a rotina da noite permite-nos terminar o dia calmamente, preparar o dia seguinte e a noite, para dormirmos bem e recuperarmos energias para o dia seguinte.

Claro que nem sempre faço tudo o que quero, ou como quero… Afinal os ritmos também devem seguir o nosso maior ritmo, que é o da vida, certo? Há dias em que estamos mais cansados, há dias em que é importante nos dedicarmos mais a nós ou a outra pessoa, e nesses dias fazemos o mínimo dos mínimos e deixamos o ritmo definido para outro dia. O importante é sempre descobrir e aplicar a medida certa. Nem sermos demasiado rígidos, nem sermos demasiado desleixados. E depois ir experimentando e adaptando ao nosso estilo de vida, à nossa personalidade, à nossa família e às mudanças que vão ocorrendo.


E sabem que mais? O mais importante de todos estes ritmos, velhos e novos, e sobre o qual aprendi um pouco mais com o livro da Brooke, é sem dúvida o ritmo go slowly!
Afinal foi por isso que criei este blog! Quero continuar a seguir esse caminho. O da tranquilidade, o da calma, o da meditação, o da vida zen, do auto-conhecimento, do acreditar mais em mim, da admiração e do espanto (sim, olhar para as coisas como se fosse a primeira vez e/ou a última), o da felicidade e do contagiar os outros com ela. Adoro ver pessoas felizes (cada vez mais) e gosto muito de contribuir para a felicidade dos outros, nem que seja só um bocadinho, nem que seja à distância.
Gosto de dar (sempre gostei), mas tenho aprendido a dar sem esperar nada em troca. O não criar expectativas é difícil e ainda estou em fase de aprendizagem mas acreditem que vale a pena! A vida é tão mais leve e feliz assim!
Desejo-vos bons ritmos! 🙂

  • Foto: Abigail

    Ana Milhazes, Socióloga, Coach, Formadora, Instrutora de Yoga, fundadora do Lixo Zero Portugal

    Bem-vindos ao Ana, Go Slowly!

    Aqui cabe tudo aquilo que nos leva em direcção a uma vida mais simples, mais sustentável e também feliz: minimalismo, slow living, desperdício zero, hábitos saudáveis, ferramentas de desenvolvimento pessoal, yoga e meditação.

  • Como começar?

  • O meu livro

    Vida Lixo Zero
  • Categorias