Como cozinhar soja

A proteína texturizada de soja obtém-se a partir da soja, aquando da separação da farinha, óleo e fibra, até se tornar numa massa rugosa e seca (processo denominado extrusão termoplástica).
 
Há vários tipos de soja texturizada, mas os mais conhecidos são o granulado fino (tipo carne picada) e o granulado grosso (tipo biscoitos de cão, pelo menos é o que me fazem lembrar!).
A soja deve ser demolhada antes de cozinhar (para ficar com uma consistência mais esponjosa).
Dependendo da quantidade, uso recipientes maiores ou mais pequenos. Como ela vai crescer um pouco, o ideal é arranjarem um recipiente onde caiba o dobro da soja que colocaram.
No caso da soja fina basta demolhar 5 minutos (podem deixar mais tempo, este é o mínimo). Depois é só espremer bem para retirar a água (costumo usar um coador ou às vezes simplesmente as mãos) e está pronta a cozinhar. Uso este tipo de soja para fazer bolonhesa, recheio para rissóis (com um bocadinho de molho de tomate a imitar os rissóis de carne), almôndegas, hambúrgueres, croquetes
 
Relativamente à soja grossa, há várias formas de a hidratar (pois esta demora mais tempo). Pode-se deixar de molho em água fria (1h pelo menos). Por vezes até coloco de molho no dia anterior para ficar bem fofinha. Quanto mais tempo estiver de molho, mais esponjosa e maior fica, mas há formas de acelerar este processo…
 
Quando tenho alguma pressa coloco em água quente e vou espremendo para que todos os pedaços absorvam bem a água. Quando tenho mesmo muita pressa (como podem ver há soluções para tudo), cozo-a (pode-se adicionar sal, assim mais tarde não precisamos de voltar a acrescentar). Basta cozer cerca de 10 minutos e fica pronta a usar noutros pratos (pois só cozida fica sem sabor…). Também aqui é necessário espremer para retirar a água. Espero que arrefeça um pouco e depois espremo ou, então, escorro para um coador e pressiono-a com uma colher.
Às vezes cozinho-a inteira, outras vezes costumo cortar, tipo desfiada. Além de render mais, fica óptima salteada, pois como os pedaços são mais pequenos fica rapidamente tostada. É nesta altura que adiciono vários condimentos para lhe dar mais sabor (cominhos, caril, gengibre, ervas diversas, paprika…). Caso não tenha adicionado sal na cozedura, é agora que o adiciono ou então molho de soja. Se acharem o molho de soja muito salgado misturem-no com um pouco de água (faço isso muitas vezes, é só colocar um pouco de molho de soja numa chávena e adicionar água, eles misturam-se sozinhos).
Nestes salteados, costumo usar legumes diversos, que começo a cozinhar antes de acrescentar a soja (mas também podem saltear só a soja). Acrescento a soja no final e em 5 minutos fica pronta. Se gostarem da soja mais tostada deixem mais tempo. Convém ir mexendo para não queimar.
 
Como podem ver, há 1001 formas de hidratar a soja e de a cozinhar também! Em algumas receitas, a soja é cozinhada antes com vários temperos e só depois se moldam os croquetes, hambúrgueres… Noutras receitas tempera-se a soja sem cozinhar, moldam-se os bolinhos e só depois se cozinha. Varia consoante a receita mas fica bom das duas formas.
Também podem adaptar quase todas as receitas tradicionais e usar soja. Por isso, se já costumam fazer uma determinada receita e se sabem como se cozinha a soja, é só adaptar! Faço muitas vezes strogonoff, soja à brás, soja com natas (tipo bacalhau com natas)…
 
Com o hábito também vamos aprendendo a descobrir o que mais gostamos. O importante é ir experimentando.
Ainda me lembro da altura em que comecei a cozinhar comida vegetariana (comecei pela soja curiosamente)… Eu lia e lia receitas e dicas, depois chegava ao supermercados e lia as instruções nas embalagens, mas nunca tinha a coragem para comprar, pois achava que não ia saber cozinhar (na altura só sabia cozinhar o básico e tinha aprendido a cozinhar há muito pouco tempo, portanto como podem imaginar o receio era enorme!).
Até que um dia enchi-me de coragem e peguei num pacote de soja fina. Resolvi fazer almôndegas (acho que fui logo escolher uma das receitas mais difíceis para quem se iniciou na cozinha há tão pouco tempo…). Não ficaram almôndegas, pois quando as coloquei no molho desfizeram-se! Mas ficou uma óptima bolonhesa de soja que comi com esparguete. Apesar de não ter saído como queria, a verdade é que o sabor ficou muito bom. Era mesmo isso que precisava para seguir em frente! Comecei a ler cada vez mais sobre o assunto e a experimentar mais receitas, até que decidi que já não voltava atrás. Na altura raramente comia carne (pois nunca gostei muito e só comia carnes brancas) e portanto só faltava deixar o resto. Foi assim que tudo começou!

Não é a minha intenção converter ninguém ao vegetarianismo/veganismo, até porque respeito as opções de cada um. Mas talvez se partilhar por aqui algumas dicas e receitas, consiga despertar o interesse por este tipo de comida, nem que seja só às vezes. Fazer uma refeição vegetariana ou duas por semana tem um impacto muito positivo no planeta, na nossa saúde e até na nossa carteira (a soja é um alimento muito económico). E também é uma forma de variar. Afinal quem não gosta de variar de vez em quando?

Update: fui reduzindo cada vez mais o consumo de soja, pelo menos esta soja granulada (que é demasiado processada). Considero que é versátil e é óptima para quem está a começar no vegetarianismo, mas há formas mais saudáveis de a consumir, como por exemplo, sob a forma de tofu, tempeh (alimento fermentado feito a partir do feijão de soja) e miso (pasta de feijões de soja e arroz ou cevada fermentados).

Podes encontrar estas e outras dicas sobre as vantagens de termos uma alimentação mais saudável no meu livro “Vida Lixo Zero“.

  • Foto: Abigail

    Ana Milhazes, Socióloga, Coach, Formadora, Instrutora de Yoga, fundadora do Lixo Zero Portugal

    Bem-vindos ao Ana, Go Slowly!

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