Mobilidade Sustentável: Perspetivas e Desafios no Planetiers World Gathering

Recentemente, tive a oportunidade de representar o Pacto Climático Europeu no Planetiers World Gathering, ao lado do meu colega embaixador António Gonçalves Pereira. O painel “Activism and Entrepreneurship in Active Mobility” foi um espaço de troca de ideias e experiências sobre soluções para uma mobilidade mais sustentável e inclusiva.

Fui a única mulher neste painel, e para mim foi especialmente importante trazer uma perspetiva feminina à discussão. A mobilidade, como todas as questões sociais e ambientais, tem um impacto particular nas mulheres, e é fundamental que as suas vozes e experiências estejam representadas.

No painel, tive o privilégio de partilhar o palco com profissionais inspiradores na área de mobilidade sustentável: José Nuno Amaro, Manuel Santos, Mário Dias e Mario Henriques. Cada um trouxe uma visão única sobre as suas experiências e aquilo que têm desenvolvido nesta área.

Os principais pontos da minha intervenção

Partilhei um pouco da minha própria experiência desde que decidi trocar o carro pela bicicleta como principal meio de transporte. Esta escolha tem sido transformadora em muitos sentidos, e foi uma excelente oportunidade para refletir sobre os desafios e as mudanças necessárias para tornar a mobilidade mais acessível e segura para todos.

Falei da minha bicicleta ‘Caju’, que simboliza esta transformação. A minha primeira entrevista com ela para o Público foi especial, tal como o passeio em grupo onde levei o lema ‘Andar de Bicicleta é um Ato Revolucionário’. Falei da minha participação na Massa Crítica no Porto, uma experiência comunitária que promove a bicicleta como meio de transporte urbano. Partilhei ainda um pouco sobre a entrevista que fiz para o projeto Lisboa Possível. E ainda falei do documentário Women Don’t Cycle que traduzi e que exibimos e debatemos aquando da semana europeia da mobilidade.

De seguida, deixei alguns pontos para reflexão:

  1. Mobilidade como Direito Humano
    • A mobilidade deve ser um direito de todos, independentemente de possuírem ou não carro ou carta de condução. A mobilidade começa e termina nos nossos corpos, e não é um privilégio exclusivo de quem tem acesso a um veículo.
  2. A Importância da Segurança para as Mulheres
    • A segurança continua a ser uma das maiores barreiras para as mulheres que querem aderir à mobilidade ativa, como o uso da bicicleta. Em Lisboa, apenas 14% dos ciclistas são mulheres, enquanto cidades como Amesterdão e Copenhaga, com infraestruturas mais seguras e inclusivas, têm uma distribuição quase igual entre homens e mulheres. A criação de ciclovias segregadas, boa iluminação, e a redução de velocidade nas zonas urbanas são medidas essenciais para atrair mais mulheres para o uso da bicicleta.
  3. Infraestrutura que Serve a Todos
    • Com a pressão crescente sobre os espaços urbanos e a necessidade de um acesso justo aos serviços e infraestruturas, é essencial que as cidades priorizem opções de mobilidade que sejam acessíveis à maioria e que tenham um impacto ambiental reduzido. A adaptação do espaço urbano para favorecer a mobilidade ativa beneficia toda a sociedade, criando uma cidade mais saudável e inclusiva.
  4. Exemplos Inspiradores de Outras Cidades
    • Falámos sobre como experiências internacionais e mesmo nacionais têm mostrado que, após mudanças na infraestrutura urbana, para promover a mobilidade ativa, a maioria das pessoas fica a ganhar. Até partilhei o exemplo da minha cidade, a Póvoa de Varzim, onde em algumas zonas o ambiente urbano foi adaptado para uma maior segurança e conforto dos peões e ciclistas.
  5. Benefícios para a Saúde
    • Estudos mostram que pessoas que se deslocam para o trabalho de bicicleta têm um risco 45% menor de desenvolver cancro e um risco 46% menor de doenças cardiovasculares. Este é apenas um dos muitos benefícios associados à escolha de meios de transporte ativos e sustentáveis.
  6. O Papel dos Líderes na Criação de Mudança
    • A nossa sociedade, e especialmente os nossos líderes, precisam de vencer o receio da mudança e apostar em políticas que incentivem a mobilidade inclusiva e sustentável. A implementação de zonas de 30 km/h nas áreas urbanas, o investimento em ciclovias seguras e a promoção de transporte público eficiente e acessível são passos fundamentais.

Um Apelo à Ação e à Inclusão

Para mim, este percurso tem sido muito mais do que uma simples troca de meio de transporte: é uma nova forma de me conectar com a cidade, com a natureza e com as pessoas. Encorajo todos a considerarem opções de mobilidade que não só reduzam o impacto ambiental, mas também promovam a saúde e o bem-estar.

É fundamental que incentivemos os nossos líderes a apoiar políticas de mobilidade inclusivas e sustentáveis e que todos façamos a nossa parte para inspirar as próximas gerações a construir um futuro mais saudável e justo.

Agradeço aos meus colegas de painel — José Nuno Amaro, Manuel Santos, Mário Dias e Mario Henriques — pelas suas perspetivas valiosas e pelas trajetórias inspiradoras de empreendedorismo e inovação na área da mobilidade sustentável.

  • Foto: Helena Flores

    Ana Milhazes, Socióloga, Coach, Formadora, Instrutora de Yoga, fundadora do Lixo Zero Portugal

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