E se… eu vivesse em Amesterdão?

O poder da imaginação para transformar o mundo.

Hoje saí de casa bem cedo, equipei-me para o frio e lá fui eu, de bicicleta. Às 8h, hora de ponta. O vento cortava, mas a sensação de liberdade fazia tudo valer a pena.

E, naquele momento, imaginei-me em Amesterdão. Podia ser em Copenhaga ou Viena, mas naquele instante era Amesterdão. Fechei os olhos por um instante e, por uns segundos, senti-me transportada para lá. Lá, a bicicleta não é apenas uma opção, é parte do cotidiano, da cultura, da identidade. Os carros conduzem de forma mais tranquila, respeitam mais o espaço de quem anda de bicicleta, e nós, os ciclistas, existimos de forma visível.

Esse simples pensamento fez-me refletir sobre o poder da imaginação, algo de que Rob Hopkins fala frequentemente, e que considero tão poderoso. De cada vez que visualizo a minha cidade como Amesterdão, ela transforma-se um bocadinho mais, a cada dia. E, quando me imagino nesse cenário, começo a agir e a comportar-me mais como se realmente estivesse lá.

E, no final, percebo: “Caramba, afinal nasci no sítio certo! E a Póvoa de Varzim ainda tem tanto para me mostrar!”

A imaginação tem esse poder: transforma a nossa realidade. Ao abraçar o uso da bicicleta, descobri um novo tipo de liberdade—uma liberdade que me conecta mais profundamente com a minha cidade, com a natureza e com as pessoas. A cada pedalada, sinto que faço parte de algo maior. E, por mais que a realidade ainda seja muito diferente das cidades mais cicláveis, acredito que estamos a dar passos importantes para que a nossa cidade, a nossa Póvoa, também seja um lugar mais amigo das bicicletas e das pessoas que as usam. Mas, mais importante, acredito que a minha imaginação já está a criar o caminho para que isso aconteça.

Claro que pode parecer uma alienação. Imaginar um mundo que não existe (ainda) parece quase fugir da realidade. Mas, para mim, sonhar é fundamental. É exatamente a partir daí que se cria a realidade. É assim que ela muda. E é assim que nós mudamos também.

No meu caso, em vez de focar nas dificuldades de andar de bicicleta, escolho ver o lado bom: o bem que faço ao meu corpo (exercício), ao planeta (não poluindo nem usando combustíveis fósseis), à carteira (poupando dinheiro), o quão é divertido e muito mais. Essa mudança de foco transforma tudo. O que podia ser um sacrifício torna-se num privilégio, numa escolha consciente.

E aqui está o segredo: quando nos focamos no positivo, o positivo começa a multiplicar-se. Toda a gente já sentiu isso: quando começamos a reparar em algo, vemos mais disso por todo o lado. Agora, reparo mais em bicicletas estacionadas, em pessoas a pedalar na minha cidade, em pequenas mudanças que antes me passavam ao lado.

O poder está mesmo em cada um de nós. Basta querermos. Fechar os olhos, deixar ir a imaginação, sonhar com o mundo que queremos.

Então pergunto-te: que mundo queres imaginar?
O que vês? O que sentes? O que ouves? O que cheiras?

E depois, mais importante: qual é o primeiro passo (por mais pequenino) que podes dar para começares a criar esse mundo? Como podes contribuir?

Talvez seja pegar numa bicicleta. Talvez seja algo totalmente diferente. Não importa. O que importa é dar o primeiro passo. Porque é daí que nasce a mudança.

📸 Foto tirada mais tarde… porque às 8h da manhã o sol não estava assim tão generoso!☀️

  • Foto: Helena Flores

    Ana Milhazes, Socióloga, Coach, Formadora, Instrutora de Yoga, fundadora do Lixo Zero Portugal

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