Vale a pena definir objectivos para o novo ano?
Há já algum tempo deixei de definir objectivos para o novo ano. Considero que os objectivos são demasiado fechados, limitam-nos e deixam-nos frustrados, pois há tanta coisa que não controlamos e 2020 foi a prova disso mesmo!
Então o que tenho feito?
- Tenho definido uma palavra/intenção para o novo ano
- Tenho escrito uma carta para a Ana do ano seguinte (ou seja, acabei agora mesmo de ler a carta que escrevi no final de 2019/início de 2020) e é incrível como praticamente tudo o que estava na carta se concretizou! Costumo escrever a carta em forma de pergunta tendo em conta algumas das coisas que gostaria que fizessem parte desse ano. Apesar de 2020 ter sido muito desafiante e ter saído muita coisa ao lado daquilo que esperava que acontecesse, ainda assim as principais coisas que desejei acabaram por acontecer.
Acredito muito no poder daquilo que escrevemos.
A palavra de 2020 foi expansão. Confesso que quando a defini pensei na expansão no seu sentido mais lato, chegar a mais pessoas com o meu trabalho, lançar o meu livro, mudar de casa e de cidade… Não poderia imaginar o que acabou por acontecer…
A expansão foi dentro.
O livro, a pandemia, a mudança de cidade, o deixar de viver sozinha e passar a ter uma família, o meu processo de psicoterapia (que iniciei em abril de 2019 e que começou a ficar mais profundo), os temas que estudei, os livros que li, a música que ouvi e dancei, o coaching, as conversas com amigos e com o meu companheiro… tudo isso me levou mais dentro, mais fundo. Fiz as pazes com algumas Anas do passado e com pessoas da minha vida. Fechei processos, iniciei outros. Estabeleci novos limites e aprendi a gostar mais de mim.
A expansão concretizou-se, não tenho dúvidas, e foi bem melhor do que aquilo que tinha desejado.
Este ano escolhi a palavra “Simplicidade”.
Se é verdade que desde 2011 tenho vindo a simplificar a minha vida (pessoal e profissional) e também as rotinas, desde que abracei o minimalismo, também é verdade que muitas mudanças têm acontecido na minha vida. Uma das maiores foi sem dúvida passar a viver com o meu namorado e os meus entea(ma)dos.
É muito mais simples vivermos sozinhos, com meia dúzia de coisas e mantermos tudo limpo e organizado.
Já não me lembrava de viver com tão pouco como em 2018 e 2019. Foi incrível! Isso dava-me uma liberdade enorme!
Se gostava de lá voltar?
Adorava! Mas não sozinha! E sei que há coisas que não eram essenciais a uma pessoa que vive sozinha mas que são essenciais a uma família com crianças. Por exemplo, um tapete! Não tinha nenhum tapete em casa, acho que só acumulam porcaria e dão trabalho a aspirar e a limpar. Mas reconheço que com crianças (pequenas) fica mais confortável termos um tapete na zona dos brinquedos. Não só se torna mais confortável, como também permite que as crianças não fiquem com frio no inverno (dependendo do tipo de chão da casa claro, como o nosso é tijoleira ficamos com frio). Então temos só um tapete, na sala.
Poderia dar muitos outros exemplos como este. O importante é percebermos aquilo que é essencial para nós, para vivermos bem e com conforto, mas como o foco em reduzir e simplificar.
É nisso que me quero voltar a focar este ano, agora tendo em conta que somos uma família de 4 (2 adultos e duas crianças de 5 e 10 anos) e também não esquecendo que as decisões e compromissos têm que ser acordadas entre todos.
2020 foi um ano em que me foquei na mudança para o Alentejo e para uma casa nova. Tive que me adaptar às rotinas do meu companheiro e das crianças e eles tiveram que se adaptar às minhas.
Acho que a parte mais desafiante foi trabalhar a partir de casa. Por mais que eu tente definir um horário, nem sempre consigo terminar o meu trabalho antes de eles chegarem a casa. Sei que eles não estavam habituados a viver com alguém que trabalha em casa e terem que falar baixinho nem sempre foi fácil.
Agora sinto que será mais fácil focar-me naquilo que quero manter e naquilo que quero mudar, embora ainda não saiba bem como o irei fazer.
A simplicidade será o foco!
Nas rotinas, na vida profissional, nos objectos que temos em casa, nas roupas, na comida, nos compromissos. No fundo é relembrar um pouco aquilo que fui fazendo na minha vida desde 2011 e adaptar a um novo contexto.
Mas mais do que definir tim-tim por tim-tim, prefiro criar espaço para que a própria simplicidade possa surgir. Afinal é esse o poder e a magia da intenção.
Olá simplicidade, podes entrar 🙂