As últimas semanas tê-me permitido fazer uma viagem mais profunda e trazer ao de cima muita coisa que eu nem sequer estava a ver….
Percebi que nunca podia despir a minha personagem de salvadora do planeta! A minha missão tinha que estar sempre presente. Se a abandonasse nem que por um segundo, estaria a traí-la, a trair-me. Não me permitia falhar, descansar. Disse-o tantas vezes: estou sempre a trabalhar, quando apanho lixo do chão, quando dou uma sugestão de melhoria num restaurante ou café, quando reaproveito tudo ao máximo, quando trago “lixo” de casa dos amigos e por aí vai.
Percebi que aquilo que os outros tanto elogiam em mim “A COERÊNCIA” é aquilo que mais me SUFOCA e que mais me IMPEDE de ser sustentável comigo mesma. O que acaba por ser um pouco contraditório…
Aquilo que os outros elogiam, porque vivo aquilo defendo, é justamente o que mais me impede de ser sustentável, porque não descanso, não dispo a personagem.
Na minha outra vida, como lhe costumo chamar, vivia duas Anas, uma na vida profissional e outra na pessoal, que pouco tinham a ver uma com a outra. Hoje, as duas fundem-se. Isso traz-me muita coisa boa, e é mil vezes melhor do que antes, mas traz consigo esta INSUSTENTABILIDADE. Leva-me à exaustão, não me deixa tirar a capa.
Confesso que antes achava que o difícil era descobrir o meu propósito, a minha missão! Isso sim foi o verdadeiro desafio, sobretudo numa altura em que trabalhava tantas horas por dia, numa profissão altamente desgastante e stressante.
Agora sei que o difícil é o que vem a seguir. Perceber como colocar em prática esse propósito, como avançar, como sustentá-lo, todos os dias. Sobretudo, quando esse propósito representa um estilo de vida e quando se trabalha por conta própria a partir desse mesmo propósito. Tenho que viver a personagem (que também sou eu) todos os dias e tenho que me reinventar todos os dias.
Às vezes custa, desanimo e desmotivo mesmo amando o que faço e mesmo abraçando a minha missão todos os dias!
Abraçar a missão é um peso mas também é algo lindo e maravilhoso e que também é quem sou.
Então o que fazer?
Continuar com a missão mas EM ECOLOGIA comigo mesma.
Como?
Permitindo-me ser Eu, mais vezes, Eu sem missão, só EU.
Então percebo agora que a vida é leve, que eu não tenho que estar em esforço e que há mais para além do propósito e da missão!
Eu não sou a minha missão. Eu sou livre, leve e solta e nada me prende, nem a minha missão.
Este mantra passou a fazer parte da minha vida.
Há um dia por semana em que me permito ser, em que descanso, em que dispo os papéis que mais me cansam! E isto serve para tudo, não só para a minha missão de vida/profissional. Isto permite-me ser humana, cuidar de mim, nutrir-me e guardar o “chicote”.
E tu como descansas, como te permites ser?
A querida Joana Areias tem um texto precisamente sobre isto que adorei ler! Revi-me tanto nele.