Divisão de tarefas domésticas

Suculenta da maravilhosa loja Mia Luzia

Durante muitos anos fui a fada do lar, aliás tenho a mania que sou fada do lar desde que me conheço.
Sempre adorei fazer limpezas e organizar armários. Fazia isso desde miúda, não só em minha casa, mas também em casa da minha avó, tios, primos… Enfim, oferecia os meus serviços de limpeza a toda a gente!
Durante os tempos da universidade, vivi fora de casa e portanto tivemos que dividir as tarefas entre todas. Escusado será dizer que eu adorava fazer as minhas e às vezes fazia também as das minhas amigas porque adorava! Eu própria me voluntariava para as fazer. Até quando já era vegetariana cozinhava pratos para os outros (como era no início não me importava, hoje em dia confesso que seria incapaz). Portanto, era uma pessoa impecável, sempre disposta a ajudar, em prol da limpeza.
Quando eu e o meu marido começamos a viver juntos, era igual. Ele não mexia em nada (tirando as coisas específicas dele obviamente) porque eu não queria, eu gostava mesmo de fazer, não era trabalho… Claro que não era a ocupação mais relaxante do mundo, não funcionava propriamente como terapia, até porque eu era um pouco maníaca com as limpezas e arrumações e tinha que estar tudo impecável. Passava fins-de-semana inteiros a limpar e organizar.

No final de 2011 comecei a ler sobre um estilo de vida chamado “Minimalismo”. Fiquei fascinada com a ideia de ter pouca coisa para limpar e manter. Nessa altura já tinha percebido que ser uma maníaca das limpezas me estava a fazer muito mal. Em vez de usar os fins-de-semana para descansar e me divertir, estava a ocupá-los com limpezas completas à minha casa!

Acho que estava tão habituada a estas rotinas que me esqueci completamente de questionar “Faz sentido ter tanta coisa para limpar, arrumar e organizar?” “Faz sentido ocupar o meu tempo assim aos fins-de-semana em vez de me divertir e passear?” “Faz sentido comprar ainda mais coisas que irão ocupar mais espaço em casa e dar mais trabalho a manter?” “Sou feliz assim ou poderia ser mais?”. 
Com a correria do dia-a-dia, com as 1001 tarefas que dava a mim mesma não tinha tempo de reflectir, de questionar. O minimalismo veio dar-me um abanão e acordar-me!
Livrei-me de tanta tanta coisa. Depois da tralha, vieram os compromissos, hábitos menos saudáveis, as 1001 tarefas que fazia em casa, algumas pessoas… Foi uma verdadeira transformação!
Pelo meio fui deixando esta ideia de que tudo tem que ser perfeito, de que tudo tem que estar impecavelmente limpo e até houve alturas em que cheguei a extremos: tudo por limpar e arrumar em casa. Mas sinceramente precisei disso até me encontrar no meio termo. Não tem mal nenhum deixarmos as coisas por fazer em casa, ninguém morre por causa disso, há coisas muito mais importantes. Então devemos deixar de nos cobrar por causa disso e de sermos tão exigente connosco próprios. Somos nós muitas vezes que impomos determinadas regras e determinados prazos, mais ninguém. E para quê? Será que vamos ganhar alguma medalha?
Após 32 anos de vida, 5 anos de vida universitária com partilha de casa, 7 anos a partilhar casa com o meu marido, resolvi comprar um quadro e fazer uma divisão de tarefas. Afinal estamos sempre a tempo de mudar!

Tinhamos uma tv na cozinha que raramente era usada. Então resolvi tirá-la da parede e colocar um quadro de xisto. 
Registei as tarefas diárias e semanais e tentei dividir metade/metade. Devo confessar-vos que foi um exercício dificílimo para mim pois quero sempre fazer tudo! Mas consegui!
Um mês depois desta divisão de tarefas posso dizer-vos que o meu marido se tem portado melhor do que eu até, pelo menos ao fim-de-semana. Durante a semana eu tenho mais tarefas do que ele, mas ao fim-de-semana ele faz praticamente tudo. Então para mim é optimo, pois o meu grande dilema é que não queria ocupar os fins-de-semana com tarefas domésticas, queria descansar, meditar, dedicar-me ao blog. Com ele é diferente, pois prefere exactamente o contrário, descansar diariamente e fazer as tarefas ao fim-de-semana. Foi tentando encontrar este equilíbrio que dividi as tarefas!
Esta divisão foi também muita boa para mim pois já não caio na tentação de fazer as tarefas que não são minhas. 
O que conseguimos com este desafio?
Mais compreensão, interajuda e menos discussões. Já não há aquela ideia do “Tenho que fazer tudo e ele não me ajuda nada”. Fazemos os dois e pronto. Não perdemos tempo a decidir quem faz nem a pedir. E mais engraçado, às vezes tentamos ver quem acaba as suas tarefas primeiro!
Então e de onde veio a inspiração para esta divisão de tarefas?
Na realidade já queria implementar algo assim há muito tempo, mas ia adiando!
Foi este post da Cláudia do Officinalis que me inspirou!
E vocês como fazem? Querem partilhar dicas?
  • Foto: Abigail

    Ana Milhazes, Socióloga, Coach, Formadora, Instrutora de Yoga, fundadora do Lixo Zero Portugal

    Bem-vindos ao Ana, Go Slowly!

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