Em Março, recebi um ultimato do meu corpo.
Cheguei a casa do trabalho e quis fazer speed cleaning, tratar do meu cão, lanchar, isto tudo a correr claro. Às 19h tinha aula de yoga e às 20:30 tinha um webinar sobre yoga. Saí da aula a correr (logo a stressar depois de uma aula de yoga, haverá coisa pior?!), cheguei a casa e quase nem consegui jantar, tive que ligar o computador e depois acabei por jantar enquanto assistia. Nem tinha fome, a comida quase nem passava, com o stress em que estava. Claro que ao chegar a casa me senti logo mal, estive com imensas dores no peito e pensei mesmo que me ia dar uma coisinha má! Pensei logo “é desta que aprendo que não vale a pena correr mais, o problema é que não vou ter a possibilidade de colocar este ensinamento em prática!
Tentei acalmar-me, fazer exercícios de respiração, mas não me senti muito melhor. Já sabia o que tinha feito e por isso não havia grande coisa a fazer. Mas serviu-me de lição, aprendi que nunca mais o voltarei a fazer! É que nessa semana andei a abusar vários dias e no fim da semana atingi mesmo o meu limite!
Partilho esta situação contigo, porque se és como eu e queres optimizar tudo e encaixar várias tarefas na tua agenda, tens que perceber que isso nem sempre é possível… e que só te faz mal! Há coisas muito mais importantes na vida e se não conseguires fazer tudo, não faz mal! Fazes menos. Fazes o que for possível.
Apesar de ter consciência de que devo fazer menos coisas e com calma, chega a hora e não adianta, faço tudo em modo automático e não penso! Sempre fui assim, orientada à tarefa e com a mania optimizar o máximo possível! Se estou na sala a ver tv e se me levanto levo logo uma série de coisas para fazer no caminho. Para algumas pessoas isto pode ser óptimo, mas a mim isto tem-me cansado muito! A minha cabeça está sempre a pensar na próxima tarefa. Não consigo simplesmente levantar-me só para ir ao wc, tenho logo que fazer 1001 coisas pelo caminho, porque não posso deixar nada para depois! Claro que posso. Posso e é isso mesmo que tenho que aprender a fazer!
Agora vem a parte boa!
Desde esse dia que tenho feito tudo nas calmas. Num dos dias em que costumo limpar a casa, posso dizer-te que cheguei a casa, lanchei, estive com o meu cão, depois estivemos a ver um episódio da minha série favorita e só no final limpei os wcs calmamente. Depois tratamos do jantar e jantamos. Tudo nas calmas, sem me preocupar se ia ser tarde ou não. Resultado? Fiz montes de coisas na mesma e senti-me bem, super relaxada e nada cansada!
Outro exemplo: outro dia quando cheguei a casa e depois de tratar das coisas habituais na calmas, o companheiro perguntou se não poderíamos fazer bolachas (pois não tínhamos feito no fim-de-semana). Nunca fiz bolachas durante a semana! Nunca houve tempo para isso! E nesse dia, como ligamos o forno para fazer o jantar, fizemos as bolachas e colocamos no forno assim que o jantar ficou pronto. Ainda comi uma bolachinha de sobremesa e adorei o cheirinho que ficou na cozinha. Se valeu a pena? Claro que sim!! Se fiquei cansada? Nada, nadinha! E porquê? Porque fiz tudo nas calmas, porque estava realmente a gostar do que estava a fazer e não encarei a tarefa como mais uma, daquelas chatas, que só dá trabalho e que eu só quero fazer para optimizar processos ou porque faz parte da to-do list!
Estou a descobrir que é mesmo importante fazermos as coisas porque gostamos realmente de as fazer e quando gostamos realmente de fazer algo, não queremos fazê-lo com pressas!
Por isso, faz como eu, reduz as tarefas que tens que fazer todos os dias, foca-te no essencial e faz o essencial nas calmas. Porque se o fizeres a correr, não vais tirar o verdadeiro prazer nem da tarefa nem de tudo o resto e isso é o mais importante de tudo! De que adianta ir a correr se depois no final do dia estamos mortas de cansaço?
Lição aprendida!