Reflexões à chuva

Post em modo desabafo. Escrevo muitos desabafos mas acabo sempre porque nunca os publicar por achar que pouco ou nada têm a ver com o tema do blog. Hoje quis fazer diferente. Afinal nunca se sabe, posso encontrar alguém desse lado no mesmo caminho que eu!
Hoje escrevo de pé na companhia da chuva. Adoro ouvir a chuva, sobretudo no silêncio. As janelas ainda estão quase todas fechadas, os vizinhos ainda estão todos os dormir e eu cá estou, cheia de vontade de escrever e de fazer grandes reflexões de vida…
As minhas estações favoritas do ano aproximam-se e mal posso esperar. Adoro mantas quentes e aconchegantes, chás e comidas acabadas de sair do forno.
A chuva faz-me reflectir e estar no momento presente. Acalma-me e põe-me em modo slowly sem grande esforço.
Também adoro andar à chuva mas isso já tem um efeito completamente diferente. Faz-me rir e ficar cheia de energia. Talvez fosse mesmo isso que eu precisava agora…
Não tenho tido grande vontade de cozinhar, nem tenho tido grandes ideias, ando sem vontade de tirar fotos, de as editar e de fazer coisas criativas.
Sinto a cabeça e o corpo cansados, apesar de ter descansado imenso nas férias e de ter reduzido imenso as coisas que faço em casa. Baixei muito as expectativas e deixei-me de perfeições. Dou prioridade ao importante e ao estritamente necessário e deixo o resto. Há que optimizar o que for preciso e concentrarmo-nos em viver a vida, pois só temos uma!
Neste momento viver a vida passa por descansar bem e recuperar energias. Passa por aproveitar os fins-de-semana da melhor forma e fazer aquilo que realmente gosto.
Em relação ao trabalho ando muito cansada e talvez arrependida em relação a este novo caminho que tomei (ou que decidi que tomassem por mim). Quando não sabemos bem o que queremos corremos sempre este risco.
Não posso dizer que faço o que realmente quero, que adoro o que faço, que sempre quis fazer isto ou sequer que foi para isto que estudei. Nada disso. O meu percurso foi sendo feito, às vezes sem pensar muito e simplesmente aceitando desafios que vão aparecendo no caminho.
Antes nem sequer pensava se fazia ou não sentido, se ia de encontro àquilo que realmente queria na vida. Hoje em dia, já é difícil não pensar nisso, sobretudo devido a tudo que li e aprendi com o estilo de vida minimalista.
Mas e aproveitar nesses conhecimentos e realmente decidir o que quero? E realmente perceber se tudo isto faz ou não sentido? Até penso, até acho que chego a algumas conclusões, mas depois deixo-me ir na correria dos dias e de todas as tarefas que há para fazer. Afinal não há cá tempo para conversas nem desabafos no trabalho, temos trabalho a fazer, temos prazos a cumprir e siga para a frente. 
Quando dou conta não fiz nada do que tinha planeado, não disse nada do que tinha imaginado e conversado comigo mesma.
Depois temos outras pessoas que puxam por nós, que acreditam que somos capazes e que querem que continuemos e nós temos medo de desiludir essas pessoas, não queremos fazê-lo.
Então quem é mais importante neste processo, nós ou aqueles que nos são mais queridos? A resposta não é fácil. Sei que devemos pensar sempre em nós primeiro, mas na prática raramente consigo fazê-lo (pelo menos quando se trata de pessoas que me são tão queridas e importantes).
Talvez esta chuva que ouço e vejo a bater na janela do meu quarto me ajude a pôr as ideias no lugar, me ajude a tomar decisões (eu que sempre fui tão decidida desde miúda e que agora até tenho dificuldade em decidir as coisas mais simples, como o que é o jantar ou se compro isto ou aquilo).
Às vezes forço-me a não pensar em nada e simplesmente a viver, a deixar os dias passar… Como se isso tornasse tudo mais fácil. Mas não torna. Quando “acordo” ainda me sinto mais longe da saída.
Outras vezes, também acho que dramatizo e que faço grandes reflexões de coisas demasiado triviais. Sempre tive queda para o existencialismo desde a adolescência e esse é um traço meu que não consigo apagar. Sempre gostei de filosofia, sempre gostei de reflectir no sentido da vida e isso não irá mudar assim de um dia para o outro. Mas, por outro lado, também gosto deste traço em mim, pois sempre achei que quem vive sem pensar, não sabe bem o que cá anda a fazer.
Mas às vezes penso “Não serão essas pessoas verdadeiramente felizes”?
O que realmente importa nesta vida? Seguirmos os nossos instintos? Ou seguirmos os conselhos de quem nos está mais próximo? De quem nos conhece bem por fora e por dentro? Será que isto é só uma fase? Será que devo esperar? Será que devo tomar já uma decisão?
Às vezes gostava que existisse um livro com estas e outras respostas!
Bom domingo!
  • Foto: Abigail

    Ana Milhazes, Socióloga, Coach, Formadora, Instrutora de Yoga, fundadora do Lixo Zero Portugal

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