… de preocupações, de cismas, de medos, de ansiedade…
Eu sempre fui de cismas. Acho que é de família. A minha querida avó é assim, a minha mãe também (embora disfarce muito bem e tenha estratégias para controlar a coisa) e a minha irmã também. Claro que eu tinha que sair à família! Mas isto não é desculpa. Apesar da minha tendência natural, há várias forma de controlar a coisa, melhorá-la e até mesmo eliminá-la (nem que seja só um bocadinho).
Quando comecei a minimizar e a simplificar nunca pensei que isto poderia ter tantos efeitos positivos na parte espiritual e mental. Tinha lido qualquer coisa sobre o assunto, mas sentia-me sempre um pouco descrente. Afinal eu queria livrar-me de tralha, porque para mim fazia todo o sentido ter uma casa e uma vida com o mínimo, com o essencial e portanto mergulhei de cabeça, sem pensar propriamente nas consequências e nos seus efeitos positivos.
A verdade é que os efeitos na parte mental e espiritual foram mais do que muitos!
Para além das cismas e preocupações, sempre pensei em muita coisa ao mesmo tempo, sempre tive a cabeça a mil e sempre fui conhecida por estar a dormir ou a pensar no além!
Uma vida mais simples, mais organizada, mais de acordo com aquilo que gostamos e com aquilo que somos, traz uma tranquilidade e paz de espírito enormes! Só o facto de chegar a casa e ter tudo arrumado transmite-nos uma calma enorme! Mesmo que cheguemos a casa um pouco stressados depois de um dia de trabalho, ainda nos sentimos mais felizes por estarmos em casa. E não pensem que a minha casa está a brilhar e que ninguém pode mexer nem tocar em nada. Nada disso! Simplesmente está limpa e organizada para mim, ou seja, consegui descobrir o nível ideal de limpeza e de arrumação, sem ter que ter muito trabalho e sem que estar preocupada com a mania das limpezas (outra maleita da qual sofria desde miúda). E como descobri? Depois de começar a eliminar tralha, também eliminei tarefas, ideias pré-concebidas do que deve ser uma casa e de como deve estar limpa/arrumada. Vivem pessoas numa casa, não vivem robots! E vive lá mesmo alguém por isso é normal que haja sinais disso, não? Eu diria que sim e aprendi a gostar e a viver numa casa assim, uma casa com pessoas, com vida, com uma família lá dentro (muito feliz!).
Já falei várias vezes sobre como ter uma rotina de limpeza simples e tendo sempre o cuidado de respeitar o nosso ambiente. Tento ir fazendo as coisas durante a semana para que o fim-de-semana fique o mais livre possível, mas às vezes não consigo ou não me apetece. Nessas alturas sei que terei que gastar tempo do meu fim-de-semana a fazê-lo, mas também ajusto as coisas. Se tiver coisas para fazer ou se simplesmente precisar de descansar mais, limpo o mínimo possível, passo o espanador sobre os móveis, aspiro e nos wcs faço uma desinfecção muito rápida e mudo as toalhas. Numa hora ou às vezes menos trato de tudo. Não fica perfeito (nem lá perto) mas fica o melhor para nós, para as nossas necessidades, para a nossa vida. Antes, não era assim, era muito mais inflexível e tinha que atingir determinado nível, não adaptava as coisas, queria fazer tudo como se fosse uma super mulher, como se a vida seguisse sempre um plano perfeito e infalível…
O exemplo da casa e da mania das limpezas e da perfeição é um exemplo que serve para muita coisa… A mania que tenho em ser perfeccionista em muitos outros casos, faz com que seja muito ansiosa (embora disfarce muito bem).
Então o minimalismo também me permitiu começar a enfrentar o problema da ansiedade e do sofrimento por antecipação. Como sou de fazer filmes e de antecipar todas as situações (sempre achei que devemos prever tudo e mais alguma coisa para não contarmos com surpresas… como se fosse possível prever tudo!). Deixei-me disso, acho que não devemos criar grandes expectativas nem fazer filmes. Prever algumas sim, planear e preparar também, mas tudo na medida do indispensável, só e apenas. E com a idade tenho aprendido a fazer essa distinção e a filtrar o que não interessa.
O yoga tem ajudado muito, a meditação também. Mas também ajuda fazer um esforço todos os dias para estar aqui, neste momento, e para ser o mais prática possível. Há algo que me preocupa neste momento? Se sim, o quê? O que posso fazer? Tenho uma data para entregar um trabalho. Depende só de mim? Vou concentrar-me só naquilo que depende de mim, vou fazer uma lista com tudo o que preciso de fazer e vou começar a fazer, já! Não tem que ficar logo perfeito, depois de estar mais ou menos estruturado, começa a melhorar-se. Muitas vezes a vontade de querer fazer logo tudo bem, paraliza-me. Não pode ser!
Todos os dias são novos dias, todos os dias temos uma nova oportunidade para fazer algo diferente, para mudarmos algo que não está bem, por isso vamos aproveitar! É sempre esse pensamento que tento ter, sempre que quero começar um novo hábito.
Mas claro que não vamos começar várias coisas novas de uma só vez e é aqui que entra a gestão de prioridades. O que é mesmo mesmo importante neste momento? O que iria fazer uma grande diferença na minha vida? E esse hábito levará a outros.
Uma das coisas que ainda não faço diariamente é pensar nas coisas boas do dia. às vezes esqueço-me confesso, mas quando o faço faz tanta diferença (vai daí instalei esta aplicação para me relembrar de o fazer todos os dias! – tem resultado, tenho-o feito sempre). É que a nossa cultura foca-se imenso que está mal e no que é preciso melhorar. Isso é importante para evoluirmos todos um bocadinho mais, mas também é tão importante pensar naquilo que nós e outros já fazemos bem! Agradecer e sorrir tem um impacto enorme em nós e nos outros!
No próximo post continuarei a falar sobre este assunto (comecei a escrever e quando dei conta estava grande demais por isso dividi-o em duas partes).
Entretanto começa já a eliminar preocupações e sorri mais! Vais sentir logo a diferença 🙂
Bom fim-de-semana!