Este será o último flashback. Nada melhor do que terminar com as mudanças no ser interior, essas sim foram muito mais além do que qualquer espaço da casa!
A lista será extensa mas foi mesmo tudo isto que o minimalismo me deu e ainda continua a dar.
Quando comecei a ler sobre o assunto e a perceber que os minimalistas eram pessoas mais simples, despreocupadas, mais focadas e mais felizes pensei “Era mesmo isto que eu queria: uma vida mais simples e feliz!”
Acho que posso dizer que o consegui!
É curioso, mas com as coisas que fui eliminando de casa, do trabalho, de casa dos meus pais, do carro, da garagem e também da minha cabeça fui removendo “camadas” da minha pessoa. Passei a conhecer-me melhor e a gostar mais de mim e quando comecei a destralhar, nunca pensei que isso fosse acontecer!
Agora posso dizer que a minha vida tem MAIS do que é importante e MENOS do que não faz falta.
MAIS:
– momentos de qualidade com o companheiro
– meditação
– relaxamento e respiração profunda (antes a minha respiração era muito superficial, o que me causava falta de ar, sobretudo quando andava mais ansiosa)
– TV de qualidade – comecei a selecionar aquilo que vejo, em vez de ligar a tv sem pensar. Agora vejo apenas coisas que gosto realmente de ver e a tv está desligada a grande parte do tempo em que estamos em casa
– leitura – uma coisa que sempre gostei e para a qual nunca tinha tempo…
– exercício físico e com regularidade – sempre fui inconstante neste departamento, tinha fases em que praticava bastante exercício físico e outras (enormes) em que deixava totalmente de o fazer. Agora faço-o de uma forma consistente
– corrida – algo que sempre disse que não gostava… até ter experimentado!
– gratidão – por tudo aquilo que tenho na minha vida. Nunca dei muito valor ao que tinha… Acho que nem parava para pensar… Agora não há um dia em que não o faça! Valorizo as pequenas e as grandes coisas! O mesmo aconteceu nas minhas caminhadas e corridas. Sempre que praticava exercício ao ar livre só me concentrava em mim e esquecia-me de tudo o resto. Moro num sítio tão bonito, perto da praia e nunca valorizei isso! Passei a imaginar-me num sítio desconhecido e olhava para tudo como se fosse a 1ª vez! Acreditem que a sensação passou a ser mesmo essa… como se estivesse num sítio completamente novo e de todas as vezes ia descobrindo coisas novas!
– sono de qualidade – comecei a deitar-me e a acordar mais cedo e a dormir melhor (finalmente percebi quantas horas preciso de dormir) e tenho um ritmo de sono constante
– tempo livre para fazer aquilo que mais gosto (cozinhar por exemplo!)
– tempo para não fazer simplesmente nada – sim, não fazer nada é muito bom e faz lindamente! Deixei definitivamente de ver o “não fazer nada” como tempo inútil ou não produtivo
– vida vegan – finalmente adoptei um estilo de vida vegan (algo com que sempre “sonhei” desde que me tornei vegetariana) e cada vez mais tento seguir um estilo de vida saudável com uma boa alimentação, exercício físico, meditação e o mais natural possível
– pessoas que interessam – descobri gémeos minimalistas, o que é óptimo para partilhar ideias!
– coisas simples – afinal as melhores coisas da vida são as simples!
– calma e paciência – tenho-me tornado uma pessoa mais calma e mais paciente (eu? sim eu! ao escrever isto, confesso que ainda me faz alguma confusão!)
– nãos – quando não quero, não gosto, não posso, digo “NÃO”. A vida é curta demais para fazermos coisas que não queremos
– escrita – comecei a escrever diariamente e a sentir-me cada vez melhor! Finalmente criei um blog e ganhei coragem para partilhar imensas coisas sobre mim. Foi das melhores coisas que poderia ter feito. Estou a adorar a experiência!
– felicidade – tornei-me numa pessoa muito mais feliz e numa pessoa melhor (para mim e para os outros!)
– tempo a ajudar os outros – mais tempo livre permitiu-me dedicar o meu tempo a quem realmente necessita! Consegui ajudar bastante uma pessoa que me é muito próxima e isto só foi possível porque tenho mais tempo, mais paciência e também porque me conheço melhor (esta deve ter sido, sem dúvida, das coisas mais gratificantes! Só por isto já valeu a pena!)
– amor próprio e auto-estima – passei a gostar mais de mim
– desapego – desliguei-me muito das coisas, afinal são apenas coisas e são substituíveis
– calma – descobri que gosto de ter uma vida calma e que isso não tem mal nenhum
– optimismo – passei a fazer um esforço para valorizar sempre o positivo e continuo a fazê-lo diariamente. Sempre me foquei no que está mal ou menos bem desde miúda e portanto este é mesmo um esforço diário. É preciso reparar mais no que está bem, elogiar os que nos rodeiam, ver as coisas sobre uma outra perspectiva quando estas são menos positivas e sorrir!
– espiritualidade – descobri que tenho um lado espiritual
– silêncio – sempre tive barulho à minha volta e nunca gostei muito de silêncio. As pazes foram feitas e gosto muito de simplesmente não ouvir nada. Relaxa-me e concentra-me
Resumindo, tudo isto, MAIS qualidade de vida!
MENOS:
– pessoas que já não nos dizem nada, que nada têm a ver connosco. Não vale a pena sentir-me mal por já não falar com determinada pessoa só porque no passado tínhamos uma relação muito próxima… As coisas mudam e o que interessa é o momento presente! Essa pessoa pode já ter tido um papel importante na minha vida, mas isso não é motivo para a manter na minha vida para sempre! Há que dar lugar a novos actores e novos papéis
– pessoas tóxicas e que só nos fazem mal (mesmo que seja só em pensamento). É eliminá-los do pensamento e da nossa vida!
– objectivos – no início de cada novo ano era tradição fazer uma lista com todos os objectivos que gostava de concretizar nesse ano. Não eram muitos, mas raramente conseguia atingir todos eles. No ano que em conheci o minimalismo concluí todos os objectivos e curiosamente decidi que não fazia mais listas dessas. A ideia era viver goal-free pois já tinha alcançado o mais importante!
– comprimidos – agora evito ao máximo tomar qualquer medicamento. Tento sempre recorrer a alternativas naturais primeiro, como chás
– preocupações e cismas! Comecei a conseguir controlar melhor a mente e não ficar a matutar naquilo que não devo. Deixei de me sentir mal por ouvir certos comentários de pessoas mais próximas (somos diferentes e cada um tem a sua forma de pensar, se me sinto bem comigo é só isso que importa)
– multi-tasking e mais single-tasking. De vez em quando lá voltam os velhos hábitos, mas faço um esforço para me obrigar a concentrar-me numa coisa de cada vez
– críticas – passei a criticar menos os outros (e a sentir cada vez menos essa necessidade)
– consumo – deixei de comprar só porque sim (sobretudo roupa)!
– roupa – livrei-me mesmo de muita roupa ao longo destes 2 anos e isso permitiu-me não só ganhar espaço no armário, como também perder menos tempo a tratar da roupa (lavar, arrumar) e a decidir o que vestir. Além disso é uma leveza enorme quando nos livramos daquelas coisas que não nos dizem nada mas que guardamos só porque sim!
– pressa – além de me esforçar por fazer as coisas com calma, deixei de usar relógio, afinal é suficiente ver as horas no smartphone e no computador
– TV – passei a ver menos tv, ao ponto de me imaginar a viver sem ela, o que antes era completamente impossível!
– tralha na mala – andava carregada para nada, o que só me causava dores nas costas e no ombro. Adeus ganchos e elásticos (olá cabelo curto), adeus espelho (há sempre espelhos em qualquer lado quando preciso deles); adeus bolsa para o telefone (agora coloco-o sempre naquelas divisórias que todas as malas têm), adeus phones (tenho uns no trabalho e outros em casa), adeus cartões e papéis; adeus agenda de papel, bloco e canetas (agora tudo é digital), adeus porta-moedas (é raro andar com moedas, mas quando ando cabem perfeitamente junto com as notas e cartões).
Apesar de me ter livrado de muitas coisas, posso dizer que até agora não me arrependi de nada do que dei, enquanto no passado quando fazia arrumações (pois sempre gostei de arrumações), cheguei a arrepender-me de algumas coisas. Não sei a quê que isso se deve, se é pelo facto de cada vez valorizar menos as coisas ou se é porque melhorei a minha capacidade de decidir aquilo que é realmente importante para mim. Também me conheço melhor agora, sei aquilo que gosto e aquilo que me faz falta. Será por isso? Ou será uma conjugação das duas coisas?
Provavelmente não registei tudo aqui, mas o balanço foi muito positivo e recomendo a toda a gente! Não precisam de se tornar minimalistas, basta seguirem algumas das dicas (adaptando-as à vossa vida) para sentirem os efeitos positivos.
Agradeço-vos por estarem desse lado, pois esta viagem faz ainda mais sentido quando é partilhada com os leitores 🙂