Slow living

Esta frase representa aquilo que eu considero o “Speed living” e que é basicamente a forma como vivemos hoje em dia: numa correria e sem tempo para nada. O único período em que vivemos de forma mais calma será provavelmente a época de férias e mesmo assim isso nem sempre acontece, tal é a vontade de aproveitar o tempo ao máximo e de fazer tudo e mais alguma.
No meu caso, as férias têm uma coisa muito boa: permitem-me pôr a leitura em dia. Entre livros ou simplesmente textos, li algumas coisas sobre “slow living” e o “slow movement”.
Esta filosofia começou com o “slow food”, um movimento criado em 1986 por Carlo Petrini como forma de contestação à abertura de um McDonald’s na Piazza di Spagna em Roma. Este movimento é contra a fast food e à produção em massa (e a todos os malefícios a esta associada) dando primazia à qualidade em detrimento da quantidade e a uma produção mais natural e amiga do ambiente, valorizando o produto e o seu produtor e promovendo a verdadeira apreciação da comida.
Este movimento estendeu-se a outras áreas e acabou por dar origem ao “slow movement”:
Um estilo de vida que faz cada vez mais sentido para mim: o fazer menos mas com mais qualidade e dedicação, o fazer tudo ao meu ritmo e de forma intencional, o aproveitar cada momento e vivê-lo intensamente e o valorizar os pequenos nadas (que afinal são tudo)! (Mais sobre o assunto aqui)
Há dias em que sinto mesmo que andamos aqui numa corrida contra o tempo, fazemos tudo de forma automática, apressamos as refeições, as rotinas e as conversas para termos tempo para tudo e para quê? Claro que podemos sempre tentar fazer tudo mais devagar, mas depois sentimo-nos mal porque o tempo não chega para o resto que também queremos fazer. Então ficamos assim numa espécie de dilema… Depois questionamos tudo, se este estilo de vida faz sentido, se é suposto vivermos assim só porque os outros vivem, ou se devemos ir contra o que é esperado e seguir o nosso instinto. 
Depois do turbilhão, vêm os sonhos e a vontade de mudar… Sonho, muitas vezes, com uma vida ainda mais calma, diferente daquela que vivo hoje, que apesar de já bem diferente do que era, ainda tem algumas coisas que para mim fazem cada vez menos sentido…
Acho que às vezes é preciso uma ruptura total com o modo como vivemos para chegar onde queremos e cada vez mais penso nisso… no mudar de ares… numa mudança mais profunda.
Por agora não é algo que esteja nos meus planos imediatos, trata-se apenas de um sonho pequenino, bem escondido na minha cabeça, mas quem sabe? Nunca sabemos bem onde esta vida nos pode levar e se isso antes me preocupava, agora não. O que tiver que acontecer acontecerá. Além disso, tenho vindo a descobrir melhor o que quero e o que me faz feliz e tento colocar isso em prática no meu dia-a-dia em todas as escolhas que vou fazendo. E se estas escolhas e mudanças diárias já me permitiram chegar tão longe, quem sabe onde me irão levar daqui a 5 ou 10 anos…
No entanto, sei que apesar destes sonhos, o importante é o viver aqui e agora com aquilo que me faz feliz, partilhá-lo com as pessoas mais importantes e tirar o máximo partido de tudo o que me rodeia, não esquecendo a real importância das pequeninas e das grandes decisões que vou tomando, pois afinal são elas, no seu conjunto, que dão sentido (ou não) à minha vida. Sei que questionar as mais pequenas coisas faz parte de mim e sinto-me bem por isso mesmo.
Nem sempre é fácil equilibrar estes dois mundos: conciliar a felicidade no agora com a vontade de sonhar. A imaginação toma muitas vezes conta de nós e quando damos conta estamos bem bem longe e a desejar que tudo fosse totalmente diferente (e esta cabecinha já realizou muitos filmes por isso sei bem do que falo). Acho que é mesmo importante conseguirmos equilibrar as coisas, não deixar de sonhar, de ambicionar coisas diferentes, mas continuar a gostar do que fazemos, do modo como vivemos, com quem estamos. De outra forma nunca seremos felizes!
Ora pensa comigo: o que gostavas que fosse diferente na tua vida? Respira fundo e regista tudo. Quando terminares analisa… será a tua vida actual assim tão diferente? O que te falta para conseguires alcançar algumas dessas coisas? 
Após ter respondido a estas questões, constatei que a minha vida não é assim tão diferente do que escrevi, sendo apenas necessário fazer alguns ajustes: coisas que são perfeitamente simples e alcançáveis. O que acontece é que muitas vezes nos esquecemos de pensar na parte prática e distanciamos as coisas de tal forma, transformando-as em sonhos impossíveis de realizar. Vamos descer à terra e sermos mais práticos e realistas?
Outras vezes sonhamos mas nem percebemos bem com o quê, apenas queremos que as coisas sejam diferentes… Por isso é tão importante definir bem aquilo que queremos, descobrir realmente aquilo que nos faz mais felizes e só depois estabelecer estratégias e formas de o alcançarmos.
Nem sempre é fácil nos conhecermos melhor e descobrir o que realmente queremos, é preciso investirmos em nós, cuidarmos de nós, reflectir, ler muito, experimentar coisas diferentes, ouvir o nosso eu interior e estarmos atentos às mais pequenas coisas que vamos sentindo e às vezes escondendo.
Vou dar-vos um exemplo, eu gostava mesmo de poder plantar os meus próprios legumes e frutas. Para além de saber aquilo que estou comer, iria basicamente garantir grande parte da minha alimentação. A minha casa não tem quintal, logo não tenho condições para ter uma horta/pomar. Por isso tenho duas hipóteses: ou arranjo uma horta/pomar noutro sítio (até poderá ser em casa de familiares que tenham as condições necessárias) ou tento adaptar a ideia à minha varanda. Será sempre uma coisa pequena mas já dá para plantar algumas coisas. E assim, em menos de nada, acabei de tornar este sonho possível (ou pelo menos parte dele)! Vou explorar a sério este assunto e encontrar uma solução 🙂
Quantos aos restantes “sonhos” basicamente tentei fazer o mesmo: adaptar aquilo que quero à minha realidade actual. A ideia agora é passar à acção e tentar incorporar algumas destas coisas no meu dia-a-dia. Mas como sempre, tudo sem pressas. Afinal a nossa vida é aqui e agora e não no futuro!

E quem sabe se assim devagarinho não encontro a minha “Tailândia”? 🙂

  • Foto: Abigail

    Ana Milhazes, Socióloga, Coach, Formadora, Instrutora de Yoga, fundadora do Lixo Zero Portugal

    Bem-vindos ao Ana, Go Slowly!

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