Go slowly: o hábito de escrever diariamente

As “go slowly” são pequenas dicas que podemos implementar no nosso dia-a-dia que nos permitem viver de forma mais lenta, relaxada e feliz. Fazem-nos ver a vida de outra forma e ensinam-nos a valorizar as pequenas coisas. Vamos a mais uma dica?

Como adquirir o hábito de escrever ou como ter um diário/journal?

Sempre tive diários e sempre gostei de escrever, apesar de nunca ter tido um dom especial para tal. Escrevia de forma “normal”, nunca tive uma forma muito peculiar de escrever, daquelas em que começamos a ler e sabemos logo quem é. Sempre tive um certo cuidado e nunca dei grandes erros ortográficos, mas de resto não me preocupava muito mais do que isso.
Escrevia o que tinha feito naquele dia, o que tinha corrido bem e menos bem.
Depois no secundário, começamos (eu e as minhas amigas) a escrever cartas umas para as outras. Geralmente escrevíamos em casa e depois entregávamos as cartas na escola. Era uma forma de desabafarmos mais à vontade. Claro que depois falávamos sobre os assuntos, mas escrever era uma forma de comunicação que gostávamos muito. Com as amigas mais próximas continuei a fazê-lo mesmo na universidade.
Depois passei por um período um pouco complicado e deixei de escrever, deixei de ter vontade de o fazer. E continuei assim durante muitos e muitos anos, mesmo depois de ter passado esse período. Nunca percebi o porquê da vontade ter passado… Só que apesar de não ter essa vontade, era algo que estava aqui escondido na minha mente e que de vez em quando dizia um “olá”. Era algo que a minha mente me dizia para fazer e que lá por não escrever muito bem ou por não ter um especial dom para tal, o poderia fazer na mesma (afinal não vamos fazer só aquilo em que somos masters, certo? Aliás até sermos masters, temos que começar por algum lado…). Depois ia adiando, porque arranjava sempre outras coisas para fazer… E fazer muitas coisas era comigo! Não parava!
Até que quando descobri o minimalismo tudo mudou! Não sei se foi por influência de outros bloggers, não sei se foi porque apenas queria registar as experiências relacionadas com o destralhar/minimizar, não sei se foi porque ganhei mais tempo, não sei se foi porque me passei a conhecer melhor e a redescobrir-me ou, se foi, tudo isso junto! O que sei, é que comecei e que agora é algo que faz parte de mim e que praticamente não vivo sem! Nem que seja só um bocadinho, todos os dias. A verdade, é que acho que fui melhorando e até me comecei a sentir mais segura, mais à vontade para escrever e daí ter surgido o blog. Para além de escrever no blog, tenho uma espécie de diário no evernote, onde escrevo um bocadinho sobre tudo o que vai acontecendo e também sobre temas específicos sempre que tenho vontade.
Vários bloggers já referiram as vantagens de se ter um diário. Podem ver alguns exemplos: aqui, aqui, aqui e aqui.
Não fazem ideia das vezes que já reli aquilo que escrevi e sabe tão bem! Sabe bem porque vejo o quanto mudei, sabe bem quando recordo coisas positivas, mas também sabe bem quando recordo as más e vejo a forma como as ultrapassei (afinal são estas coisas que nos tornam mais fortes!).
Quando comecei a escrever, até tive vontade de falar no passado, de limpar a mente de coisas que andavam por aqui a pairar e que só me faziam mal. Assim, reflecti, escrevi e guardei numa gaveta fechada à chave. Acreditem que passei a pensar muito menos nesses assuntos que foram guardados à chave. Antes não havia ordem na minha cabeça… O que é curioso, pois sempre fui uma pessoa extremamente organizada (no exterior é tão mais fácil, não é?).
Gostava de ter o hábito de acordar ainda mais cedo de manhã e escrever. Já o cheguei a fazer, mas agora não consigo, pois tenho que sair de casa por volta das 7 e pouco.
Então escrevo durante o dia: nas pausas do trabalho, sobretudo na de almoço quando tenho mais tempo e à noite. Se aparecer alguma ideia brilhante, assim de repente, registo no telemóvel para não me esquecer.
Por isso, se não tens esse hábito, experimenta. Nem que escrevas só 5 minutos. Ao princípio, até pode não sair nada de jeito, mas não te preocupes muito com a forma. Escreve aquilo que aconteceu hoje ou ontem ou aquilo que estás a sentir ou a observar no momento.
Podes usar o papel ou se fores como eu e não gostares de papel, podes usar o google drive, um documento do word ou o evernote, como eu uso.
Escrever no trabalho (para quem trabalha com computador) é o mais fácil, afinal o computador está mesmo ali à mão. Por isso, se costumas aproveitar as pausas para navegar um bocadinho na internet, experimenta usar esse tempo para escrever da próxima vez. Vais ver que será uma pausa muito mais calma e relaxada.
Eu criei um notebook para o efeito (no Evernote), ao qual dei o nome de Journal, e cada dia é uma nova nota. Geralmente coloco a data no título e às vezes acrescento mais alguma coisa, se tiver escrito sobre apenas um assunto. Quando escrevia sobre arrumações/destralhar era quase sempre igual “2012-03-01 Arrumação no quarto”, por exemplo, mas há alturas em que só os títulos são de rir, pois retratam alguma coisa cómica. Basicamente não há grandes regras. Afinal é um exercício criativo e pretendo que o continue a ser.
Os textos para o blog vou criando no google drive e aí já organizo um bocadinho melhor as coisas, pois sei que depois isso irá facilitar o processo.
Mas a escrita da nossa vida deve ser livre, não deve obedecer a regras, a pontuação e a erros ortográficos. Não te preocupes com nada disso, escreve para expressares o que sentes e para partilhares contigo própria(o). Acredita que daqui a algum tempo quando voltares a ler isso será gratificante. Além disso, a escrita permite-nos, muitas vezes, reflectir melhor sobre determinadas situações, ter uma perspectiva mais afastada das coisas e também permite limpar a mente das coisas que nos fazem mal.
E quantas vezes não usei a escrita como forma de pedir desculpa, de acalmar uma discussão? A escrita permite que sejamos “ouvidos” até ao fim, sem interrupções. Na escrita não estamos aos berros, não nos enervamos (não tanto, pelo menos).
A escrita além de nos permitir reflectir sobre o dia-a-dia, também nos permite dar valor àquilo que temos. Ficamos com mais consciência daquilo que acontece. Pensamos mais nos assuntos. Mas não é só pensar, é pensar profundamente, porque pensar por pensar já o fazemos quando ficamos a cismar… Escrever também nos leva a mudar os nossos hábitos, inspira-nos a ir mais além e às vezes, é só preciso ler e reler umas quantas vezes para ganharmos o ânimo e a motivação que está a faltar.
Acho que a escrita só nos faz bem 🙂 Vamos lá experimentar?
Update: e não é que o post que o Leo Babauta publicou hoje é mesmo sobre isso? 

  • Foto: Abigail

    Ana Milhazes, Socióloga, Coach, Formadora, Instrutora de Yoga, fundadora do Lixo Zero Portugal

    Bem-vindos ao Ana, Go Slowly!

    Aqui cabe tudo aquilo que nos leva em direcção a uma vida mais simples, mais sustentável e também feliz: minimalismo, slow living, desperdício zero, hábitos saudáveis, ferramentas de desenvolvimento pessoal, yoga e meditação.

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