Longe da vista, longe do coração

No que ao destralhar diz respeito, este velho provérbio aplica-se na perfeição.
Na maior das vezes, a regra “se já não uso há mais do ano é porque não preciso” é verdadeira. No entanto, às vezes não temos bem a certeza e não queremos tomar uma decisão precipitada. Outras vezes, até é usado mas pode não fazer assim tanta falta…
Por isso, quando me custa livrar-me de algo ou quando ainda não estou preparada para tomar uma decisão, faço uma coisa simples: guardo!
E a mesma dica funciona quando alguém da família tem alguma relutância em livrar-se de algo “Porque eu uso muito, porque faz falta, etc.”. Às vezes não faz nada falta, só que só descobrimos isso quando a tal coisa “está longe da vista”!
Então quando é assim, das duas uma, ou guardo ou dou-lhe outro uso (esta justificação parece sempre mais válida, não é?).
Como dou um novo uso à coisa, vamo-nos desabituando de a usar, pelo menos para aquele fim, portanto na prática é quase o mesmo que guardar.
Ao fim de algum tempo, já podem imaginar o que acontece: adeus coisas! (sim porque na maior parte das vezes quando nos desabituamos deixamos mesmo de sentir a sua falta!)
Exemplo: lembram-se do cesto da roupa suja? Pois é, há muito que me queria livrar dele, pois ocupa demasiado espaço, mas fui adiando pois o cesto estava a ser usado… O companheiro também sempre achou que o cesto era útil e não se queria livrar dele. Então o que fiz: precisei do cesto para outra coisa e disse-lhe para passar a colocar a roupa suja directamente na máquina (até porque assim facilita o trabalho, pois é só colocar a máquina a lavar).
Para já não temos sentido mesmo a falta do cesto! Se sentirmos, obviamente que volto a usá-lo, mas se continuarmos bem sem ele, durante um mês, vou dá-lo (até porque o novo uso que lhe dei é temporário, foi só para guardar algumas coisas que ainda não foram arrumadas).
Hoje em dia, temos cada vez mais “necessidades” que na realidade não são assim tão “necessárias” e portanto nada melhor do que nos habituarmos a viver sem elas. Só assim poderemos realmente perceber se são necessidades ou simplesmente hábitos/dependências.
O minimalismo permite justamente transpor estes exemplos (como o do cesto) para a nossa vida e aí sim é quando vale realmente a pena analisar porque fazemos uma coisa de determinada maneira ou, em última instância, porquê que a fazemos (será que conseguimos viver mesmo sem ela?).
É esta reflexão que o minimalismo nos proporciona e que tão bem faz ao nosso ser!
  • Foto: Abigail

    Ana Milhazes, Socióloga, Coach, Formadora, Instrutora de Yoga, fundadora do Lixo Zero Portugal

    Bem-vindos ao Ana, Go Slowly!

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